O desmame é uma etapa significativa na vida de mães e bebês, marcando o fim de um ciclo importante de nutrição e vínculo. No entanto, esse processo pode trazer à tona sentimentos complexos, gerando um verdadeiro luto tanto para as mães quanto para as crianças. Para entender melhor esse tema, conversamos com Eliza Carvalho, fonoaudióloga especializada em saúde materno-infantil, que compartilha insights sobre as dificuldades enfrentadas nesse momento e como fazer essa transição de forma saudável.
Eliza destaca que, para muitas mães, o desmame pode ser uma experiência emocionalmente desafiadora. “As mães frequentemente sentem uma mistura de alívio e tristeza. O ato de amamentar não é apenas uma forma de nutrição, mas também um momento de intimidade e conexão com o filho. Ao desmamar, muitas mulheres podem sentir que estão perdendo esse vínculo especial”, explica.
Além das dificuldades emocionais enfrentadas pelas mães, a criança também pode sentir a transição. “Os pequenos podem reagir de diferentes maneiras ao desmame. Alguns podem manifestar resistência, choro ou mudanças no comportamento. É um momento de adaptação, e cada criança reage de forma única”, comenta Eliza.
Entretanto, o desmame traz consigo benefícios importantes. Para as mães, um dos principais prós é a retomada da autonomia e a possibilidade de redistribuir seu tempo e energia. “O desmame permite que as mães se reconectem com suas próprias necessidades, podendo explorar novos aspectos de suas vidas e do cuidado com o bebê”, afirma.
Para as crianças, o desmame pode representar a oportunidade de diversificar a alimentação e desenvolver novas habilidades de auto-regulação. “A partir do desmame, a criança começa a experimentar diferentes sabores e texturas, o que é essencial para o seu desenvolvimento nutricional e motor”, ressalta Eliza.
Para que essa transição ocorra de maneira saudável e sem traumas, Eliza oferece algumas dicas práticas:
1. Planejamento Gradual: O desmame não precisa ser abrupto. Um processo gradual pode ajudar tanto a mãe quanto a criança a se adaptarem. Reduzir as mamadas aos poucos, em vez de eliminá-las de uma vez, pode facilitar a transição.
2. Estabelecer Novas Rotinas: Introduzir novas atividades e momentos de carinho pode ajudar a preencher o espaço deixado pela amamentação. Ler um livro, brincar ou ter momentos de afeto podem criar novas conexões entre mãe e filho.
3. Escolha o Momento Certo: Avalie o momento do desmame com cuidado. Períodos de estresse, mudanças significativas na vida familiar ou eventos emocionais podem complicar a transição. Escolher um momento tranquilo pode tornar a experiência mais suave.
4. Oferecer Alternativas: Durante o desmame, oferecer outros líquidos e alimentos pode ajudar a criança a se adaptar. Isso pode incluir o uso de copos e canudos divertidos para tornar a experiência mais agradável.
5. Compreender e Validar Sentimentos: É normal sentir uma variedade de emoções durante o desmame. Mães devem permitir-se sentir tristeza ou saudade, e ao mesmo tempo reconhecer que essa mudança é parte do crescimento.
6. Buscar Apoio: Conversar com outras mães ou buscar apoio de profissionais pode proporcionar alívio e novas perspectivas sobre o processo de desmame.
Eliza Carvalho conclui ressaltando a importância de abordar o desmame como um momento de crescimento e transformação. “Embora possa ser difícil, o desmame é uma etapa natural e saudável no desenvolvimento da criança. Com amor, paciência e estratégias adequadas, tanto mães quanto filhos podem navegar por essa transição de forma positiva”, afirma.