Se até a Beyoncé já tentou parecer mais clara e de peruca loiríssima, porque eu também não posso aprender a ser branca?”, indaga a cantora após o show

A cantora e compositora KING Saints surpreendeu o público que compareceu nesta terça-feira (17) ao evento UMusic Play in Rio, no Parque Bondinho. A artista causou um frenesi ao subir ao palco com uma maquiagem whiteface. A performance, que deixou o público estupefato, também trouxe uma nova perspectiva provocadora, que promete gerar debates nas redes sociais.

Os presentes pareciam não acreditar no que viam: uma mulher com a pele clareada por maquiagem, peruca lisa e loira, além do look bem ‘patricinha’, com uma pegada setentista, que evocou uma sensação surreal e desconcertante. Em entrevista pós-show, a artista não poupou palavras para justificar suas escolhas estilísticas:

Se até a Beyoncé já tentou parecer mais clara e de peruca loiríssima, porque eu também não posso aprender a ser branca? Já quero pedir desculpas a toda comunidade branca se vocês se sentiram ofendidos por algo que eu fiz. Quem me conhece, sabe. Mas juro que estou tentando chegar lá”, indagou a artista, provocando uma mistura de risos nervosos e discussões sérias entre os presentes.

A ousadia de KING gerou uma onda de reações diversas. Enquanto alguns se perguntavam se a abordagem era séria, outros louvaram a ousadia do ponto de vista artístico. Mas houve quem considerasse uma abordagem problemática. Em uma era em que questões de identidade e representação são mais cruciais do que nunca, a artista decidiu desafiar as normas estabelecidas e questionar as barreiras entre o entretenimento e a realidade.

O conceito do show foi descrito como uma “exploração audaciosa” das percepções culturais e sociais. Por sua vez, KING Saints afirma que sua jornada artística não vai parar por aí. “A arte é para desafiar, provocar e transformar”, declarou, deixando no ar a expectativa sobre o próximo capítulo dessa saga controversa e, por que não, inovadora.

 Sobre KING Saints:

Nascida em Duque de Caxias/RJ, KING Saints trilhou trajetória autêntica no cenário musical construída a partir de um berço familiar carnavalesco e artístico, em que a música, a dança e as composições a tornam a representação do lado B do pop brasileiro.

Em 2019, KING se apresentou no Palco Favela do Rock in Rio a convite de Marcelo Dughettu. No ano seguinte lançou seu primeiro EP Travessia e passou a colaborar com nomes como Elza Soares, Negra Li, Karol Conká, Luísa Sonza e IZA, com quem acaba de ser duas vezes indicada ao Grammy Latino pelo álbum AFRODHIT.

Além de compor para vários artistas, teve sua voz como intérprete da música “Toda Família” para a trilha da novela ‘Família é Tudo’ (TV Globo). Sua arte mistura gêneros urbanos ao pop com bom humor, identidade e conexão direta com mulheres negras e pessoas LGBTQIAP+.

Após 12 anos de uma carreira sólida compondo para artistas, prepara o lançamento de seu primeiro álbum autoral, Se Eu Fosse Uma Garota Branca, que une deboche, leveza e acidez na medida. Dona da voz e da caneta afiada, fica evidente que, ao ouvir, #KINGTaNoSom!

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