Mentora de líderes explica por que profissionais estão em busca de propósito, autonomia e qualidade de vida

Nos últimos anos, trocar de emprego ou até mesmo de área profissional deixou de ser visto como instabilidade para se tornar uma escolha estratégica de vida. Uma pesquisa realizada pela consultoria Deloitte em 2022 apontou que 40% dos trabalhadores brasileiros pretendiam pedir demissão nos próximos dois anos para buscar novos rumos profissionais, motivados principalmente por insatisfação, falta de propósito e desejo de empreender.

“Eu vejo isso todos os dias no meu trabalho”, afirma Raquel Paiva, mentora de carreira e liderança com mais de 20 anos de experiência no mundo corporativo. “Atualmente, tenho 18 coachees ativos e todos estão em processo de mudança: seja de cargo, de empresa ou de carreira. As pessoas não aceitam mais trabalhar apenas pelo salário. Elas querem se sentir realizadas, querem liberdade e querem saúde mental”, diz.

Formada em Letras, com especializações em Gestão de Pessoas pela FGV, Gestão de Negócios pela Dom Cabral e certificada em análise de perfil comportamental por escolas como Innermetrix e E-talent, Raquel construiu sua trajetória liderando grandes times de RH no Rio e em São Paulo. Hoje, dedica-se a orientar profissionais e líderes que buscam novos caminhos. “Nunca vi tantos executivos me procurarem dizendo: ‘Raquel, não quero mais esse ritmo. Quero empreender ou ter um trabalho que me permita estar mais presente para minha família’.”

Para ela, a pandemia acelerou esse processo. “As pessoas passaram a refletir sobre o que faz sentido. E muitas chegaram à conclusão de que estavam vivendo no automático. Foi aí que surgiu esse movimento massivo de transição de carreira e empreendedorismo.”

Segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2022, o Brasil registrou um recorde histórico, com 52 milhões de pessoas envolvidas em negócios próprios ou em fase de abertura de empresas. “A busca por autonomia profissional é um dos maiores motivadores de mudança. Mas é preciso planejamento e autoconhecimento antes de tomar qualquer decisão”, alerta Raquel.

Entre os principais desafios enfrentados por quem decide mudar de carreira, ela destaca o medo do fracasso, a falta de clareza sobre seus talentos e a insegurança financeira. “Por isso, sempre trabalho com assessment de liderança e coaching individual. Primeiro a pessoa precisa se conhecer profundamente, identificar suas forças e entender como pode utilizá-las para gerar valor no mercado. Depois, criamos um plano estruturado de transição.”

Para Raquel, o movimento de mudança de carreira veio para ficar. “As gerações atuais não têm medo de recomeçar. O conceito de sucesso mudou. Hoje, sucesso é ter equilíbrio, satisfação e liberdade para viver de acordo com seus valores.”

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