Um encontro entre escrevivência, territorialidade e presença viva da cultura afro-brasileira no Rio de Janeiro

No dia 30 de novembro, o Dida Bar e Restaurante – Mercado Casarão abriu suas portas para um encontro plural de linguagens artísticas, convocando música, dança, literatura, teatro e performance a ocuparem o espaço de forma afirmativa. Mais que uma exposição de talentos, o dia foi uma celebração da cultura afro-brasileira como presença viva, orgânica e pulsante no coração do Rio de Janeiro.

Entre as atrações convidadas para compor essa ocupação, a companhia viCia dos Dramaturgos apresentou o espetáculo “Quantos filhos Natalina teve?”, baseado no conto homônimo de Conceição Evaristo, do livro Olhos d’Água. A montagem, fiel ao texto integral da autora, levou ao Dida Bar a força da escrevivência, reafirmando o poder da palavra negra em movimento.

O público presente acompanhou, no palco e entre as mesas, a trajetória de Natalina como menina, mulher e mãe, construída pelo elenco em um revezamento de vozes, corpos e simbolismos. Chapéu, xale, bengala — cada elemento cênico mínimo ampliou a imaginação e transformou o Mercado Casarão em território de memória, feminilidade e ancestralidade.

A apresentação, seguida de uma roda de conversa, abriu espaço para trocas sensíveis sobre maternidade, violência de gênero, identidade negra e memória coletiva. Em um ambiente histórico para a cultura preta no Rio, o espetáculo reafirmou aquilo que move a companhia: aproximar teatro e literatura, fortalecer a dramaturgia negra e cultivar espaços de escuta e diálogo.

A presença do espetáculo no Dida Bar reforça o compromisso da viCia dos Dramaturgos em circular suas obras por territórios onde a arte encontra a vida cotidiana, onde o público é diverso e onde a cultura afro-brasileira se manifesta em plenitude — não como vitrine, mas como prática, gesto, corpo e continuidade.

Sobre a viCia dos Dramaturgos

A companhia dedica-se à pesquisa da cena contemporânea e à valorização da dramaturgia negra e periférica. Seus trabalhos transitam entre literatura, performance e teatralidade, provocando reflexão crítica e ampliando espaços de representatividade.

O nome viCia dos Dramaturgos nasce de um jogo entre ver (Vi), companhia (CIA) e dramaturgos, também remetendo ao duplo sentido de “viciados em dramaturgia”. A companhia foi idealizada por Helio Amaral e fundada por João Madrug, Nay Rezende, Marina Isabel, Sol de Assis e Helio Amaral, com direção de Adriana Maia, direção musical de Zé Motta e captação de mídias por Londuik Produções.

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